domingo, 11 de maio de 2025

Sem muitas explicações... mas enfim entregue aos meus silêncios.

    Quando todo o meu caos interno se faz visível diante do meu espelho, e aquela fagulha mais insana e mais sagrada - aquela que me torna eu mesma, estiver indomável; é chegado o tempo de começar a pressionar novamente, e novamente com toda minha coragem e minha sinceridade mais imperdoável, os dedos sobre este meu teclado abrigo, o amigo mais leal e honesto de toda uma vida!

    Mas, meus caros, vos digo que algo em mim mudou profundamente! Vim de tantos rompimentos (alguns até comigo mesma) que as minhas aspirações futuras são hoje muito mais simples, apesar de muito mais profundas e impiedosas.

    Não esperem mais muita lógica ou explicação nas minhas coisas. Sou mesmo sem sentido e até cheia de contradição algumas muitas vezes. Me libertei finalmente desta necessidade tão mediocre de viver me explicando, me curei da ilusão de ser entendida. Ou será que é exercício da poesia uma força de explicação (ou de tentativa dela) por só própria? A poesia se faz como uma tentativa de buscar compreensão? De se buscar pra quem? Pra quê?

    Sempre vou me questionar!

    Só sei (e sei porque sinto) que hoje eu me faço assim, sem muita eira nem beira, desdizendo para dizer e tanto quanto for preciso, tudo ditado e dito, pelo leme tão impreciso do meu coração maluco. 

    De uma coisa só faço total questão, de me deixar acordar e de me manter bem acordada, nestes silêncios tão longínquos, onde toda a paz é conturbada por este inferno de pensamentos que rondam a minha cabeça sem piedade. E por vezes, rondam em madrugadas infindas, quando o meu relógio de parede insiste em costurar, aos berros, a noite fria que é a sina mais pulgente de todo poeta.

    Não temo mais o solidão, o silêncio e as madrugadas.

   E não sei dizer se vim pra ficar e até onde vim! Mas digo: que toda vez que estiver, estarei aqui, interamente aqui como nunca desejei e fui capaz antes de estar!


- por Luana Lagreca, Petrópolis, 2025.

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