sábado, 21 de junho de 2025

Sobre esperança em tempos difíceis...

    Momentos difíceis são um convite a refletir sobre toda a dinâmica da nossa vida! Sobre as nossas verdadeiras prioridades, sobre o nosso senso de necessidade, sobre a nossa compaixão. E sabe o quê a gente não se dá conta nos momentos mais difíceis? O quanto a gente precisa esquecer toda a dinâmica imposta por esse nosso sistema de vida que imprime altas cobranças de resultado o tempo todo e uma vida toda, para abraçar o nosso tão necessário e vital senso de merecimento. Por que ao invés de se oprimir mais ainda naquela parte da vida que transita em um descontrole nosso, a gente não se abraça e não olha para as nossas vitórias dando um pouco de alento, esperança e aconchego a nós mesmos nesses dias em que a gente mais precisa e em que podemos ser nos mesmos o nosso mais profundo abraço?

    Não sejamos, pois, as nossas masmorras! mas uma consciência carinhosa da nossa luta e do quanto todo e qualquer ser humano precisa ser (infinita e imensamente) abraçado em suas horas mais frágeis, e lembrado de si na sua imensidão de coragem e amor, na sua capacidade de se reconstruir e se reerguer sempre e quantas milhões de vezes for preciso!

    Não percamos NUNCA as nossas esperanças e a nossa consciência das nossas lutas e das lutas de todos aqueles que nos cercam porque mais que essencial, essa consciência é vital a todo e qualquer ser humano!

    Deixo abaixo então meus leitores, com todo o meu carinho e poesia, o meu desejo de uma serena e corajosa esperança através das minhas rimas à todos, absolutamente todos nós <3


 VOCÊ MERECE!


Sim, você merece olhar para si com ternura

e acolher com bravura

todos os medos que tentam lhe encolher.


Você merece amor pra caramba,

alegria de escola de samba,

acreditar, se reerguer!


E você merece saber do quanto é imenso!

Que todo sonho é muito maior que lamento.

Que pra toda ferida, amor é a tala perfeita...


Você merece a curiosidade de muitas auroras,

a alegria de muitas descobertas,

a mais bela poesia por seu coração eleita!


Você merece:

Tooodo o dourado que lhe aguarda lá fora,

toda a luz que lhe espera, à espreita,

dessas janelas em que a gente ajeita

na alma tão humana e tão imperfeita,

mas tão pura, como os sonhos de uma criança!


Você merece transbordar esperança e levar alento, 

ainda que como cavalos feitos de vento,

a galopar nas florestas de gargalhadas e sorrisos.


Você merece sim:

dias de alívio e toda a paz de amar!


E merece também da sua pequenez saber,

porque o limite de merecer

e o tanto na felicidade do outro que insto implica.


Que merecer não lhe faça sair da linha

e muito menos achar que o outro merece menos!

Pois se assim o fizer merecer se tornará veneno,

caco de vidro em carretel de pipa.


- por Luana Lagreca, Petrópolis, 2025.

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Ah, as ilusões!

    Daqui, do alto dos meus 1,59 metros de puro caos e contradições, qual é a ilusão que me sustenta e me mantem de pé, rumo a um horizonte provavelmente falso que eu persigo? Ou que apenas prossigo neste universo de possibilidades em que não acho sustento, em que meus sustenidos são quase inaudíveis? Que de mim se firmou e se partiu com a sua presença mais marcante e a sua ausência mais profunda?

 

Difusos...

A luz que descia da claraboia que se formava no topo da escada era difusa como aquela luz do seu quarto... nos meus porta retratos nenhum casal, em mim nenhuma expectativa (ou apenas uma ilusão silenciada?). As forças se esvaiam enquanto o estomago roncava de medo, de expectativas, mas também de fome. E a fome não era só de amor, e o amor não era só a fome!

Fui dona daquilo que em meu coração pulsava: contrações, olhos, bocas se apertando e se adentrando, mãos dadas às mãos nestas horas que a gente precisa de algo pra apertar bem forte, beijos em formas de gotas e o seu cheiro; e o seu pulsar dentro de mim, em tudo de mim, como se por um instante a minha ilusão mais perfeita se materializasse. Como se por uma pequena fração de segundo fosse amor o ato de lhe deixar partir, ainda que isso também me partisse.

É que eu desconheço amor que não arda, que não seja realista nas suas improbabilidades mais estatísticas. E que eu desconheço amor que é uno, único e que silencia a fome, a dor - até mesmo AMOR!

Eu, que não queria o peso das expectativas e a dor da ilusão, me aceitei sua naquele instante... e em um momento se fez matéria tantas teorias que eu precisava entender.

 

- por Luana Lagreca, Petrópolis, 2025.